Há cerca de sete
anos atrás, escrevi algo meio que um roteiro sobre as observações que fizera de
alguns jovens colegas de curso de roteiro, de universidade, de república... E
bom, acabei por esboçar um pretenso roteiro de um curta que apresentava um
perfil de um jovem Narciso de 24 anos, bem sucedido, belo, inteligente,
esclarecido, pertencente a um invejável grupo de amigos, amado ao extremo por
sua belíssima namorada... Em fim o que poderíamos chamar de uma pessoa
realizada e que tinha tudo que alguém poderia querer, poderia fazer ou deixar
de fazer o que quisesse a ora e quando quisesse... Ou seja, tinha tudo que
pareceria ser necessário pra ser feliz, pra ter uma vida satisfatória. No
entanto, o jovem Narciso não sentia prazer algum em viver, não sentia a menor
afeição pela vida, era melancólico, triste, pessimista... E o pensamento forte
era o de se degradar, se matar, acabar consigo ou com os outros, seja aos
pouquinhos, ou de uma só vez.
Embora saiba que se alguns dos meus
colegas da época lessem isso, e tivesse a certeza que estaria possivelmente
falando deles em muitos aspectos, já mais concordaria que de fato fossem assim.
Mas era basicamente assim que os via, de fato pensava: - Enquanto eu tinha que
me dividir entre a filosofia e bolsa-trabalho, pra conseguir garantir a grana
pros passes, apostilas, livros e outras necessidades básicas... Sem contar com
os problemas de convivência em uma maldita república, eles só tinha que curtir
o que a vida tinha pra lhes oferecer, aproveitá-la ao máximo e serem feliz! E
eles eram exatamente o contrário, eram depressivos, tristes, melancólicos...
Isso me chamou atenção naquela época, pareceu-me um tipo de perfil de jovem que
sentia uma determinada falta, mas falta de que?
Qual a falta?
Pois bem, na época em que fiz o
pretenso roteiro era estudante, aluna, e percebia isso nos meus próprios
colegas de vinte e poucos anos... Hoje cerca de sete anos depois relendo o
mesmo roteiro, parece-me que lamentavelmente esse perfil de jovem só aumentou, e
eu ainda continuo não entendendo essa falta, e o pior é que agora são tão bem
mais jovens, são adolescentes de 13 a 18 anos lindos desabrochando ainda e que
tem tudo que poderia desejar, com todas as possibilidades de sentirem as
melhores coisas da vida e vivenciarem as melhores coisas do mundo... E tudo que
sentem é depressão, síndrome do pânico, desejos de suicídio, medo da vida,
tristeza, dor e mais dor! Céus!!! Que perfil de jovem é esse que ou se destrói
ou destrói o outro?! Qual é a falta?! Que maldita falta é essa os leva a
destruição, que os lançam impiedosamente ao precipício?!