terça-feira, 6 de outubro de 2015

SPLICE – A NOVA ESPÉCIE




CLASSIFICAÇÃO: Ficção científica, terror tipo B.
ROTEIRO: Antonientt Terry Bryant e Vincenzo Natali.
DIREÇÃO: Vincenzo Natali.
ANO: 2009.



                De longe “Splice – a nova espécie” é um dos melhores filmes de ficção científica mais intrigante que já assistir! Não só pelo roteiro surpreendente e um primoroso conjunto de aspectos técnicos que compõe um bom filme como também, ou principalmente pelas referências e alusões que me pareceu ser feita a – Adão e Eva, a história da própria humanidade, como também a um diverso conjunto de histórias, teorias e mitos que permeiam a história da humanidade.
                O filme a princípio conta a história de um jovem casal de cientista que trabalham no ramo da engenharia genética – dedicados a criação de espécime híbrido de animais para o laboratório farmacêutico que após obterem sucesso com experimentos decidem por conta própria dar seguimento a pesquisa com o uso do DNA humano.
                O que de imediato começa por chamar a atenção é que o filme passa a impressão de que a ciência nasce como uma afronta a Deus, ou como se fazer ciência fosse brincar de ser Deus, e aparentemente é o que fazem os dois cientistas, eles brincam de ser Deus e criam uma nova criatura;
                Outro ponto que se sobressalta nesta brincadeira de ser Deus é que a mulher é sempre a parte da história que incita, que ousa, que quer ir mais além, que tem a maior curiosidade e coragem pra dar o primeiro passo e arrastar o homem na nova empreitada, é ela que convence o homem a ir além com ela, a apoiá-la, a está junto. Tal como podemos observar na história de “Adão e Eva”, é Eva que dá a primeira mordida no fruto proibido e depois incita Adão a experimentar também, assim como no filme é Elza que dar o primeiro passo para a criação do novo espécime convence Clive a está junto com ela nesta nova experiência.
                Ainda seguindo nesta analogia entre o casal do filme com “Adão e Eva”, pode-se observar ainda que tal qual como na história bíblica onde após comerem do fruto proibido o casal foge de Deus para esconder o seu pecado, Elsa e Clive também escondem a sua criação da sociedade (neste caso a sociedade assume o papel de Deus).
 O casal segue o mesmo padrão de primeiro modelo de família criado pela humanidade – pai, mãe e filho, e enquanto o homem sai para trabalhar e manter o sustento da casa a mulher ocupa-se da educação da prole.
                A criatura criada por Elza e Clive é uma criatura completamente híbrida – apresenta características de animais que habitam na água, na terra, que voam... Já que foram utilizados diferentes tipos de DNA, inclusive de seres humanos já que Elza usou o próprio DNA na experiência, logo é uma criatura hiper adaptável a diferentes meios seja aquático, terrestre e com capacidade para voar.
                Outra analogia que o filme leva a fazer é sobre as mudanças quanto ao comportamento e desenvolvimento afetivo da criatura, que lembra algumas obras filosóficas e que talvez pareça ate absurdas as analogias que se faça do filme a obras e teoria que faz lembrar. No entanto, quanto as mudanças e transformações físicas e psíquicas pela qual passa a criatura, bem como as relações que ela estabelece com os seus criadores, fez-me lembrar logo de cara a Simone de Beauvair em seu livro “O segundo sexo” onde de outro modo ela diz que” a mulher não nasce mulher, ela torna-se mulher”, em “Splice” é possível superficialmente perceber isso com a relação que ela desenvolve com Elza – observando os seus modos e jeito, a relação que ela desenvolve com Clive... Em fim, a observação de coisas banais, como se maquiar, entender o que os outros esperam de uma mocinha, tudo isso pode ser observado e visualmente enfatizado com as transformações da criatura em uma mulher atraente, conforme os padrões sociais.
                Outro aspecto que não tem como não fazer uma alusão, ou não lembrar é do “complexo de Édipo” descrito por Freud, onde segundo este a menina apaixona-se pela figura paterna e o menino pela figura materna. No filme, a criatura não só se apaixona por suas referencias paterna materna como também mantém relação sexual com os dois – quando na fase menina com a figura do pai, e obviamente na fase menino com a figura da mãe.
                Ainda sobre as mudanças físicas da criatura, também leva a lembrar de certa teoria que diz que todo embrião ou feto, sei lá, em seus primeiros tempos de gestação é sempre feminino, depois é que se torna masculino. Embora de modo completamente outro, e em situação distinta, é o que acontece com a criatura pós-cópula com Clive.
                Voltando ainda a alusão que o filme parece fazer ao “complexo de Édipo”, é preciso lembrar que a criatura já transmutada em macho, faz sexo com a figura materna e mata a figura paterna, e após o desenrolar de toda a trama Elza termina louca, tal qual Jocasta do mito grego, fechando assim os pontos do complexo de Édipo.
                Saindo do âmbito das alusões que o filme leva a fazer, “Splice a nova espécie” nos faz pensar de fato, na humanidade, no homem, no futuro de ambos e nos coloca questões pra refletir tais como – o que de fato nos faz humano? O que de fato é o homem? O que é a humanidade? Qual o futuro da humanidade? Será que o futuro do homem está vinculado a manipulação genética, a sermos seres híbridos? Será que o homem por meio da ciência será capaz de criar outra espécie superior a sua? Qual será o futuro da humanidade? Creio que sejam justamente essas questões que o filme nos leva a pensar, principalmente com ênfase no final, já que Elza termina grávida da sua própria criatura.
               

sexta-feira, 17 de julho de 2015

“Guia Politicamente Incorreto da Filosofia – ensaio de ironia”




Pode-se dizer com certa certeza que “Guia Politicamente Incorreto da Filosofia – ensaio de ironia” é uma apresentação sucinta um panorama geral da sociedade contemporânea em que vivemos.
O que de cara me chamou a atenção no livro foi a empatia da repulsa a casta politicamente correta e todo o seu elenco de hipocrisia e absurdos que a mídia ajuda a transformar em verdades absolutas.
Parece que pela primeira vez alguém se utiliza do poder ideológico nesse país pra dizer de modo claro, direto e com certa dose de ironia verdades necessárias a um bando de idiota hipócritas que se diz amante da humanidade, mas que silenciosamente pratica, admira e apoiam a atrocidade.
O livro assemelha-se a uma conversa bem humorada, apesar de séria e inteligente com um exímio observador dos nossos dias disposto a nos chamar a atenção para a tamanha hipocrisia e inversão de valores sociais e nos deixa completamente à pá da tamanha obscenidade do politicamente correto.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Êxodo




“Êxodo é inegavelmente um dos filmes que mostra claramente que uma história, um fato, uma situação... Pode ser observada de ângulos diversos e explorada de diversas possibilidades. No entanto, certos aspectos apesar de serem passiveis de novos enfoques não podem ser suprimidos, isso deve sempre ser lembrado.
Como é sabido, o filme “Êxodo” é baseado em um livro bíblico do Antigo Testamento, e conta a história da libertação dos hebreus da escravidão do Egito por meio de Moises que foi escolhido por Deus para libertar seu povo.
Apesar de o filme manter ate certo ponto à essência da narrativa bíblica, a história do Êxodo, de Moises é abordada por outro enfoque inteiramente inusitado aos religiosos, o que cinematograficamente creio ter deixando o roteiro mais comercial, enfocando mais a história da guerra, da luta de classes, aspectos suntuosos e triviais, mais compatível com a indústria cultural.
A história do Êxodo é contada também por meio da figura de Moises, destacado mais com um guerreiro, general, astuto, estrategista e com certo indício de loucura. Não que exista aqui uma negação, afirmação ou discordância que de fato Moises tenha sido tudo isso e mais um pouco, como já disse o filme dar um enfoque novo de poder observar, e contar o Êxodo, o que é totalmente possível. O que não é possível (dentro da sensatez) é suprimir aspectos fundamentais da história contada, já que no Êxodo a figura de Deus é fundamental na história, muito embora tenha tido a leve impressão que o filme apresente um esforço por deixá-lo de lado, e não tendo conseguido, optou por diminuir ao máximo a sua relevância na história, a ponto de colocá-Lo como uma alucinação, uma loucura, um distúrbio da mente de Moises, ou seja, recorrendo a velhos clichês do tipo - todo ‘grande homem’ tem um Q de loucura; de imputar uma racionalidade a todo e qualquer fato; de que religiosidade é besteira; que Deus é só uma criação do homem... Em fim, a questão é – existem fatos que não há como suprimir, pode-se até desmerecer o valor atribuído, maquiar... Mas não suprimir, retirar!
Com tudo é inegável que de modo geral, também não se pode tirar  “Êxodo” da lista de um bom filme a ser visto.


quarta-feira, 6 de maio de 2015

Fôda-se...

Às vezes tenho uma raiva do cabrunco,
Do mundo, de mim, das pessoas...
Tanto que tudo que quero é que tudo se fôda,
Que fôda-se tudo.
Eu por ser tão idiota,
Idiota ao ponto de me importar com o mundo,
O mundo jaz!
As pessoas por serem tão estúpidas desprezíveis e hipócritas,
O mundo por, ser o mundo...
Completamente sem sentido,
Que me pega pelos cabelos e grita horrores ao meu ouvido!
Céus! fôda-se o mundo,
Fôda-se tudo,
Fôda-se todo mundo,

Fôda-se, fôda-se, fôda-se tudo!!!

sábado, 11 de abril de 2015

AQUELES DIAS




Céus!!! Sabes aqueles dias em que você não passa de um maldito caso perdido?!
Quando você se sente nem se quer merecedor da benevolência divina,
Quando até o diabo lhe acha um caso perdido?!
E tudo que lhe apraz é tomar um velho e bom vinho!
Um vinho que lhe faça esquecer-se do momento seguinte,
Que não lhe deixe pensar em nada...
Em nada além da chuva possante que embebe a terra,
Acaricia as folha e deixa as árvores felizes,
Bem como o ser que contempla o tempo chuvoso da janela...

Embalada pelo fremir melódico da música da chuva a bater no telhado!!!

sexta-feira, 27 de março de 2015

LENDO “CINQUENTA TONS DE LIBERDADE” - lembrei de você!




Céus! É curioso como algumas coisas são,
Como algumas coisas acontecem...
Já se passaram cinco meses e eu ainda não me esqueci de nenhum que vivi com você!
Céus, como a sua ausência é tão presente,
Como a saudade me devora,
Como eu ainda espero lhe encontrar todas as vezes que entro em casa, quando ando pelas ruas, quando passo na esquina...
Como me custa acreditar que aqueles dias passados naquele maldito hospital não foram um pesadelo...
Deus do céu! Como me corroer a falta que o senhor me faz,
A saudade que as lembranças me trazem...        

Ainda hoje lendo um livro bobo, quase sem sentido...
Apenas como o intuito de por um pouco de fantasia no meu mundo,
Lendo um pouco de pornografia envernizada com um Q romântico:
- A trilogia cinqüenta tons “Cinqüenta tons de liberdade”!
Exatamente no capitulo 17 não pude conter as lágrimas...
E chorei compulsivamente lendo por lembrar de você!
Você que um dia foi a um hospital e não mais voltou,
Você que mesmo sem querer me deixou assim...
Assim... Um pouco só no mundo,
Assim... Vazia do seu bem-querer,
Com saudades de sentarmos no sofá e vermos TV,
De falar qualquer besteira só pra dizer...
Mesmo sem ter o que dizer!

Deus meu, nunca é demais o tempo...
O tempo que temos a viver com quem amamos,
Lembrei de você lendo – “Cinqüenta tons de liberdade”!
Por apenas um capitulo que fala de perda, do temor de perder,
E como isso eu sentir novamente, intensamente, causticantemente...
Todos os medos e temores de perder você,
Todos os temores e medos de outrora,
 E agora tudo é dor... E essa dor,
Essa dor me custa aceita aceitar, entender que perdi você!

Céus!!! Lendo “Cinqüenta tons de liberdade” lembrei de você!!!

sexta-feira, 6 de março de 2015

IRMÃ DULCE - o filme




Acho que este foi o primeiro filme do ano de 2015 que me fez chorar e despertou em mim uma variedade de sentimentos angustiosos.     

            “Irmã Dulce” é um filme biográfico de uma admirável freira da Bahia que decidiu levar a sério seu voto de caridade, o mandamento cristão “amai-vos uns aos outros como a te mesmo”... E resolveu doar a sua vida a cuidar dos pobres, dos doentes e excluídos da Bahia.

            Entremente o aparente esforço da produção do filme tentar conquistar a empatia do público por desenvolver uma possível analogia ou uma equiparação com a Madre Tereza de Calcutá, o fato que coloca o espectador completamente embevecido com o filme é o olhar humano, cheio de amor e respeito pelo outro que a Irmã Dulce destinava aos seus pobres, como assim os chamavam, aqueles que vivenciavam os dramas tão nosso de cada dia - o drama do completo descaso do poder público pelos menos favorecidos deste país que não tem nem sequer um sistema de saúde que faça jus aos tão altos impostos que paga, quanto mais a um olhar humanitário. E é justamente esse olhar humanitário, cheio de amor e respeito pelo outro, com uma sincera vontade de ajudar o próximo, de colocar-se no lugar do outro, de doar-se ao máximo pra ajudar sem levar em conta a sua classe social, sua religião e quais quer deficiência que chama a atenção na retratação da vida desta exímia freira.

Além de o filme retratar essa vontade de ajudar ao próximo da Irmã Dulce que partindo de pequenos atos de bondade e humanidade, que esta mulher de tamanha benevolência lega a Bahia uma das maiores obras de caridade e assistência aos excluídos e necessitados, também conta com boas atrizes que interpretam a freira e que conseguem traduzir e demonstrar no olhar toda essa ternura que a Irmã destinava aos seus pobres.  E de quebra nos faz pensar o quanto faz falta, o quanto é caro e significativo alguém que nos olhe com ternura, com respeito e nos trate com dignidade, principalmente quando estamos carentes, fragilizados... Quando todo o mundo já nos rejeitou, nos humilhou e nos tirou ate a nossa humanidade.
 E correndo o risco de ser repetitiva, digo que é exatamente isso que chama a atenção no filme “Irmã Dulce”, e foi exatamente isso que fez de Irmã Dulce um dos maiores ícones de Bahia e um dos mais belos exemplos de humanidade.