domingo, 17 de janeiro de 2016

Ninguém/ alguém




Ninguém nunca me disse que sou boa em algo.
Ninguém nunca me disse que tenho talento,
Ninguém nunca me disse que mando bem,
Ninguém nunca me disse que seria alguém.

Mas muito alguém já me chamou de trombadinha,
Muito alguém já me chamou de filha de Zé ninguém,
Muito alguém já me disse que não sou ninguém,
E para muito alguém eu não passo de ninguém.

Oras, eu já não quero mais ouvir ninguém,
Já não me interessa mais ninguém,
Eu já não quero mais ser alguém.

Alguém/ninguém, ninguém/alguém...
Para mim tanto faz – eu já sou ninguém,
Já não quero ser alguém, já não me importo mais!!


segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Kurt Cobain


É realmente estranho o modo como algumas coisas nos afeta, nos toca e nos diz coisas inauditas!
Passei parte da noite de ontem ouvindo as músicas do Nirvana, lendo suas letras e embebida com os solos de guitarra dissonantes, os gritos viscerais do Kurt Cobain, com o seu deslocamento diante do mundo, sua angústia de talvez nunca ter sido compreendido e realmente aceito...
E tudo isso pareceu ser tão meu, tão eu, traduzido em música, um eu completamente espicaçado de tanto querer fazer coisas para seres tão ridículos e desprezíveis, apenas pra ter o escasso prazer de fazer o que mais lhe agrada, lhe completa e dá prazer.
Espantosamente, depois de mais de vinte anos depois da sua morte, ou de não ter aguentado mais esse mundo ridículo e insano coisas sobre ele ainda tem o poder de nos levar a pensar em questões clichês, questões nada haver, ou talvez questões tudo haver!
Meio que sem querer comecei a ver um documentário sobre a famigerada morte de Kurt Cobain – “Kurt e Courtney”, que de modo impensado diria que é um documentário bem atípico, não só pelo foco principal ser a difusão de uma teoria da conspiração em relação à morte do líder do Nirvana e o total envolvimento da sua viúva, mas também pelo que me pareceu ter um envolvimento incomum do diretor, roteirista, reporte ou sei lá o quê que estava à frente das gravações do documentário, que só é entendido a medida que vai assistindo o mesmo.
É obvio que um documentário que aborda uma teoria da conspiração sobre a morte de uma das pessoas mais influentes da década de noventa entre os jovens e tem uma viúva com mentora de todo o estratagema só poderia ser algo meio quer marginal, ilegal e no mínimo polêmico, o que é claro salga o mérito das questões levantadas a respeito da morte do rei do grunge.
O polêmico documentário parece-me está estruturado em no mínimo três partes distintas, e todas elas permeadas com parêntese e ênfase das dificuldades que tiveram os envolvidos no projeto em gravar o documentário e lançar no mercado.
A primeira parte do documentário é apresentada alguns fatos e uma visão geral da vida pessoal de Kurt Cobain antes da fama e um pouco depois dela – história e fatos contados por sua tia, ex-professor, ex-namorada, ex-parceiros de drogas, ex-amigos...
Na segunda parte tratam da vida da Courteney (a viúva) de suas relações como os pais, com alguns antigos relacionamentos, suas ambições e sua conturbada relação com Kurt.
No que achei ser a terceira e última parte do documentário trata de fato da teoria da conspiração em relação a marte do líder do Nirvana, que não teria sido de fato um suicídio, mas um assassinato planejado pela sua própria esposa Courteney Love.
Entre os argumentos plausíveis que o documentário apresenta para sustentar a teoria da conspiração, um fator que fortalece mais ainda a teoria é o fato da própria viúva ter desprendido um esforço enorme para boicotar a gravação do documentário, enfatizando mais a suposição de que a morte de Kurt Cobain não teria sido um mero suicídio, mas que tenha sido se não um assassinato de fato, foi no mínimo uma indução a uma morte que seria no mínimo muito vantajosa para a viúva.

Especulações à parte, o fato é depois que se assiste a tal documentário fica difícil encarar a morte de Kurt Cobain como um mero e simples suicídio e não algo bem mais complicado do que se possa imaginar.