sexta-feira, 26 de outubro de 2012

"A UTOPIA"


“Considere também como são poucas aqueles que ao trabalhar estão empregadas em coisas verdadeiramente necessárias. Porque, neste século de dinheiro, onde o dinheiro é o deus e a medida universal, grande é o número das artes frívolas e vãs que exercem unicamente a serviço do luxo e do desregramento”.
Juro que assim que acabei de ler este trecho de “A Utopia” de Thomas More, filósofo renascentista inglês que viveu entre 1778 e 1535, mesmo já sabendo de antemão de tudo isto, tive que fecha o livro e me certificar que não tinha pegado o livro errado e voltar aos dados dos biográficos do autor pra ter a certeza que ele realmente escrevera isto a cerca de seis séculos atrás... E só depois destes espasmos, lembra-me e ficar mais certa que de fato uma das conotações do termo clássico, é que ele também pode ser entendido como coisas ditas ou feitas que mesmo depois de muito tempo lançadas no mundo elas continuam sendo sempre atuais.
Inegavelmente, creio que “A Utopia” de Thomas More não vai mais me deixar esquecer isso, pois, se tivesse lido trechos desta bela obra em qualquer outro lugar e sem especificação dos dados biográficos, juraria que teria sido escrito por qualquer pessoa na noite de ontem após ver e ficar extremamente aborrecido com as coisas absurdas da nossa sociedade, dos nossos líderes políticos, das heróicas celebridades... Em fim dos ricos da nossa sociedade, e sempre fica sem entender quase tudo, muito menos coisas do tipo – por que o nosso governo se preocupa tanto com a redução do ip de automóveis e não dar nem a mínima pra crescente inflação de alimentos indispensáveis na mesa de pobres e injustiçados trabalhadores?! Por que nossas ‘heróicas celebridades’ se preocupam tanto com a sua maldita aparência á ponto de criarem empregos tão fúteis quanto especialista em fazer sobrancelhas e bajuladores que digam ou deixem de dizer o momento certo de falarem as coisas estúpidas que eles sempre dizerem em um ‘português mal dizido’ e não se preocupam em colocarem algum conteúdo no ser vazio e ridículo que são?! E por que temos uma infinidade de programas de televisão que insistem em transforma essas ricas celebridades em estereótipos de perfeição que tem a cargo de si contribui mais e mais com a criação de pseudo-necessidades?! ...  E diante de tanto, resolveu expressar o seu aborrecimento em palavras, já que mais que nunca temos de fato uma aflorada frivolidade em quase todos os âmbitos sociais a ponto de não nos referimos às pessoas notáveis, artistas e celebridades como talentosas, inteligentes ou respeitáveis, mas como endinheirados e bem sucedidos com o deus e medida universal do também nosso século – o dinheiro!
Lastimavelmente, o caso é que quem tem esse deus ‘no bolso’, crêem-se de fato melhores, mesmo sendo o pior dos piores; mais bonitos, mesmo sendo o mais feio; mais talentoso, mesmo sem talento algum; e ainda como também diz More, “ por meio de manobras fraudulentas, mas ainda decretando leis para tal fim... Abusar da miséria dos pobres, abusar de pessoas, e comprar pelo preço mais baixo suas habilidades e labores”, não importando o tipo, desde que todos os abusos sirvam apenas ou luxo e desregramento.
Apesar do pueril espanto que tive com a leitura de Thomas More, tudo isso me fez não só refletir um pouco mais sobre as coisas que vejo nos telejornais da manhã e por todos os meios de comunicação durante todo o dia... Como também pra nunca mais esquecer a peculiar conotação do termo clássico - que se entende como coisas ditas ou feitas que mesmo depois de muito tempo lançadas no mundo elas continuam sendo sempre atuais.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

“MEIA NOITE EM PARIS”


Confesso que desde a primeira vez que ouvir falar desse filme em algum programa de televisão fiquei com muita vontade de vê-lo, apesar de não saber ao certo do que se tratava o roteiro, pois tanto a sinopse quanto o que se comentava sobre o filme enfatizava-se mais o diretor e os atores que o próprio filme, mesmo assim ainda fiquei com vontade de assisti-lo e muito mais curiosa.
Basicamente o roteiro do filme conta da nostalgia, da admiração e do embevecimento que certo escritor tem pelos escritores, pintores e toda a casta de artistas franceses ou que viveram na França em meados de 1920, que se configura pra o dito escritor como a era de ouro, em que ele gostaria de ter vivido. Numa bela noite, após algumas taças de vinho ele ver-se perdido pelas ruas de Paris, e quando o relógio soa as badaladas da meia noite, ele é convidado a entrar num carro típico da época repleto de artistas franceses que fizeram da sociedade parisiense a era de ouro que ele tanto admirava. Por diversas noites a situação se repete e o escritor ver-se imiscuído e embevecido na atmosfera de pura arte e cultura parisiense do começo do século XX, e desenvolve vários diálogos com personagens importantíssimos pra história da às artes, tais como – Picasso, Salvador Da Li, Buñiel... Entre vários outros.
No entanto, o que mais me fascinou ao assistir o filme, foi imediata empatia com o escritor, que jogou na tela de modo glamoroso os meus não tão raros momento de arrebatamento literário, filosóficos, cinéfilos... Sei lá o estado de espírito em que fico quando um belo texto, um bom filme (como este) me arrebata de tal forma que desperta no mais profundo do meu pobre ser uma necessidade incontida de ir ao primeiro boteco compra o vinho mais barato e tomá-la sofregamente a largos tragos, com uma ânsia incrível de falar sobre o turbilhão de impressões que determinado autor, livro, filme me causara. E como sempre quase nunca é possível, inevitavelmente sinto-me a vagar pelas ruas da cidade a travar diálogos esquizofrênicos com escritores de livro que li, com diretores de filmes que vi... E assim, como o escritor de “Meia Noite em Paris”, sinto-me completamente imiscuída e embasbacada com as fortes impressões do voluptuoso mundo das letras e das artes.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

RECLAMAÇÕES DO MUNDO AO HOMEM INGRATO


Que é de ti ó homem ingrato?!
Onde estais os cuidados teus?!
Os cuidados a este mundo que te acolhes?!
Mundo este estupendo e cheio de vida,
Que tem o fim de nutri-te...
E dar-te o que tem de melhor à vida!

E tu ó homem ingrato,
Passa a trata-me assim?!
Assim com tal desleixo e desprezo?!
Com esta cegueira inconcebível...
E não percebes que todas as minhas reações apenas dizem:
- Cuidas melhor de mim ó fruto meu!


sexta-feira, 5 de outubro de 2012

“UMA CIDADE SEM LEI”


            E bem triste a insignificância, o pesar de balizar vidas em valores como – honestidade, sinceridade, confiabilidade, lisura, cortesia, educação, bondade, tolerância, busca de conhecimento e sabedoria... E nada disso ter significado algum por não está respaldado em dinheiro, status e poder.

Parece que sem esse tripé todos estes e outros valores que bons livros e a velha educação de alguns pais de antigamente ensinam que são nobres e mercadores de observância e pratica não tem valor ou sentido algum numa sociedade em que se troca e se confunde valores com preços; educação com números; concentração de renda com ‘desenvolvimento econômico’ e sócio-cultural; política com politicagem; cortesia com bajulação e demência...

E é praticamente impossível não se indignar com a falta de valores ou inversão de deles que nos invade dia após dia as nossas vidas e nossas casas, transformadas em músicas de péssimas qualidades, entretenimento que nos nivela por baixo aos maiores beócios e castra por completo a voz e qualquer tipo de expressão das minorias e as coloca num terrível ostracismo.

Curiosamente vi um filme nos últimos dias que me lembraram tudo isso – a falta de valores dos homens que dominavam a região, a invasão do mau gosto, o ostracismo de alguns, a confusão e inversão dos valores... O nome do filme é bem sugestivo “Cidade sem lei”, e é de um ‘formato’ por assim dizer bem interessante que mistura alguns aspectos de vídeo game, com alguns laivos de quadrinhos, sei lá... Bom, sei que de fato achei o filme muito interessante e apesar de contar uma historinha muito batida o roteiro aborda e conta-a de modo bem criativo e interessante a historinha que é mais ou menos assim: - Alguns homens sem nenhum dos valores supracitados subjugam toda uma cidade por meio de todos os tipos de violência e desrespeitos aos demais cidadãos e detêm todo o domínio da mesma e a coloca completamente á mecer dos seus caprichos e dos seus comparsas, tornado–a assim “Uma cidade sem lei”, que por sinal este é o nome do filme.

Inegavelmente, tudo isso me levou imediatamente a lembrar de certas cidades e determinada sociedade (principalmente agora em período de eleição) que com pequenas ressalvas nos deixa na melhor das hipóteses a pensar – será que a vida imita a arte ou a arte imita a vida?