Acho que este foi o primeiro filme do ano de 2015 que me
fez chorar e despertou em mim uma variedade de sentimentos angustiosos.
“Irmã
Dulce” é um filme biográfico de uma admirável freira da Bahia que decidiu levar
a sério seu voto de caridade, o mandamento cristão “amai-vos uns aos outros
como a te mesmo”... E resolveu doar a sua vida a cuidar dos pobres, dos doentes
e excluídos da Bahia.
Entremente
o aparente esforço da produção do filme tentar conquistar a empatia do público
por desenvolver uma possível analogia ou uma equiparação com a Madre Tereza de
Calcutá, o fato que coloca o espectador completamente embevecido com o filme é
o olhar humano, cheio de amor e respeito pelo outro que a Irmã Dulce destinava
aos seus pobres, como assim os chamavam, aqueles que vivenciavam os dramas tão
nosso de cada dia - o drama do completo descaso do poder público pelos menos
favorecidos deste país que não tem nem sequer um sistema de saúde que faça jus
aos tão altos impostos que paga, quanto mais a um olhar humanitário. E é
justamente esse olhar humanitário, cheio de amor e respeito pelo outro, com uma
sincera vontade de ajudar o próximo, de colocar-se no lugar do outro, de
doar-se ao máximo pra ajudar sem levar em conta a sua classe social, sua
religião e quais quer deficiência que chama a atenção na retratação da vida
desta exímia freira.
Além de o filme retratar essa vontade de
ajudar ao próximo da Irmã Dulce que partindo de pequenos atos de bondade e
humanidade, que esta mulher de tamanha benevolência lega a Bahia uma das
maiores obras de caridade e assistência aos excluídos e necessitados, também
conta com boas atrizes que interpretam a freira e que conseguem traduzir e
demonstrar no olhar toda essa ternura que a Irmã destinava aos seus pobres. E de quebra nos faz pensar o quanto faz falta,
o quanto é caro e significativo alguém que nos olhe com ternura, com respeito e
nos trate com dignidade, principalmente quando estamos carentes,
fragilizados... Quando todo o mundo já nos rejeitou, nos humilhou e nos tirou
ate a nossa humanidade.
E correndo o risco de ser repetitiva, digo que
é exatamente isso que chama a atenção no filme “Irmã Dulce”, e foi exatamente
isso que fez de Irmã Dulce um dos maiores ícones de Bahia e um dos mais belos
exemplos de humanidade.
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