Poderia
dizer que a leitura de “A carne” foi meio que uma frustação, mas certamente
estaria mentindo, pois o que realmente houve foi à superação de toda e qualquer
expectativa, julgo ou indicação que algum dia tivera de tal livro.
Por incrível que pareça só tive conhecimento
da existência de “A carne” na academia, por meio de uma colega que me julgava
interessada por demais em leituras sensuais, pornográficas e qualquer coisa do
gênero (de fato, enquanto os sapientíssimos colegas de classe vivam na
biblioteca em busca de bibliografia estritamente técnica, eu viva lendo “Poesia
erótica”, Marques de Sade...). Na ocasião não dei relevância alguma a indicação
da colega, e muito menos ao seu julgo literário, do que com certeza não me
arrependo, pois hoje mais do que nunca percebo o quanto ela tinha uma concepção
limitada e preconceituosa da literatura, especificamente do livro “A carne” de Júlio
Ribeiro. Não que este livro não seja uma obra com laivos perfeitos de sensualidade,
mas com já disse pela forma preconceituosa e limitada que ela me passou da
mesma.
Obviamente
“A carne” é uma leitura excepcional que vai muito além dos chulos comentários e
expectativas que outrem me passara. É uma obra soberba, perfeita, completa e
acabada no que mais me chamou a atenção – captar como poucos romances a alma feminina,
com suas inquietudes, expectativas e sensibilidade ao olhar o mundo á sua
volta; bem como todo o realismo dos personagens e situações evocadas pelo autor,
principalmente a incompletude e a insaciabilidade humana de viver; o desejo sôfrego
e angustiante de vida que se evidencia e brota desde as mais complexas as mais
simples formas de vida á derramar-se de modo sutil e pulsante por toda a
natureza, seja ela humana ou de qualquer espécie.
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