quinta-feira, 20 de setembro de 2012

“A CARNE”


Poderia dizer que a leitura de “A carne” foi meio que uma frustação, mas certamente estaria mentindo, pois o que realmente houve foi à superação de toda e qualquer expectativa, julgo ou indicação que algum dia tivera de tal livro.

 Por incrível que pareça só tive conhecimento da existência de “A carne” na academia, por meio de uma colega que me julgava interessada por demais em leituras sensuais, pornográficas e qualquer coisa do gênero (de fato, enquanto os sapientíssimos colegas de classe vivam na biblioteca em busca de bibliografia estritamente técnica, eu viva lendo “Poesia erótica”, Marques de Sade...). Na ocasião não dei relevância alguma a indicação da colega, e muito menos ao seu julgo literário, do que com certeza não me arrependo, pois hoje mais do que nunca percebo o quanto ela tinha uma concepção limitada e preconceituosa da literatura, especificamente do livro “A carne” de Júlio Ribeiro. Não que este livro não seja uma obra com laivos perfeitos de sensualidade, mas com já disse pela forma preconceituosa e limitada que ela me passou da mesma.

Obviamente “A carne” é uma leitura excepcional que vai muito além dos chulos comentários e expectativas que outrem me passara. É uma obra soberba, perfeita, completa e acabada no que mais me chamou a atenção – captar como poucos romances a alma feminina, com suas inquietudes, expectativas e sensibilidade ao olhar o mundo á sua volta; bem como todo o realismo dos personagens e situações evocadas pelo autor, principalmente a incompletude e a insaciabilidade humana de viver; o desejo sôfrego e angustiante de vida que se evidencia e brota desde as mais complexas as mais simples formas de vida á derramar-se de modo sutil e pulsante por toda a natureza, seja ela humana ou de qualquer espécie.

 

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