Ao fim e ao cabo, “Jogos Perigosos”
é um filme meio que ao estilo ‘Scubdool’, pois no final descobre-se que os
monstros que assusta as pessoas são os humanos, ou seja, todos os monstros são
humanos e a vida é sempre bela e cor-de-rosa.
Porém antes disso, muita coisa
acontece ao longo do filme – terror psicológico, terror tipo B, DR de
relacionamento falido, perversão sexual, relações incestuosas, cão que come
defunto...
O filme conta a história, os dramas,
as frustações de uma mulher de meia idade que com o intuito de salvar seu
casamento do fatídico fim, planeja uns dias a sós com o marido em uma casa
isolada da ‘civilização’ e se submete a um jogo sexual perigoso, onde ela se
permite ser algemada à cama, e fatalmente, logo no início deste inusitado jogo,
o marido sofre um enfarte que o leva à morte, deixando a mulher algemada a cama
sem as chaves das mesmas, e é aí que de
fato começa os jogos perigosos.
Após inutilmente gritar e espernear
por socorro, ela meio que entra em um estado de devaneio psicológico,
demonstrando meio que uma confusão entre realidade e conflitos psicológicos
recalcados no subconsciente da personagem que passa a demonstrar suas
fraquezas, desânimos, fracassos, frustações; e também um lado forte, sensato e
confiante. Cada faceta desta é representada por uma imagem de fraquezas e as
frustações são representadas pelo marido que sempre a subestimou, limitou e a
explorou, a faceta forte e confiante por uma versão melhorada da própria
personagem.
Ao longo do jogo psicológico que é
travado pela protagonista, meio que submerge das profundezas da sua mente
traumas de infância como o abuso sexual sofrido pelo próprio pai, bem como a
relação abusiva que teve durante a vida inteira com o marido.
Em meio aos traumas psicológicos da
personagem principal, ainda existe a presença real de um cachorro que durante
todo este tempo de conflitos internos e externos um cão come a carne do seu marido
morto e tenta também comê-la, e um psicopata que todas as noites vêm observá-la
e ela confunde com um monstro sobrenatural que veio busca-la.
Depois de dois ou três dias algemada
a cama, envolta em torturas físicas e psicológicas a mocinha num ato de
desespero mutila a própria mão e consegue garantir a sua sobrevivência, liberdade
física, financeira e psicológica.
No entanto, o que de certo modo
desmerece “Jogos Perigosos” que é um filme recheado de suspense, sustos e medos
é o final clichê e sem noção que é apresentado, onde depois de todos os traumas
vividos e revividos pela protagonista, depois de tantas experiências traumáticas...
Num belo dia de sol, meio que por meio de um passe de mágica, de uma hora para
outra, descobre-se que o monstro sobrenatural era só um humano, e tudo fica
bem, encontra-se a felicidade plena, ingressa-se em uma vida cor-de-rosa,
linda, perfeita, sem traumas e sem problemas. Levando o filme a um quebra de
padrão e caindo nos clichês surreais e ridículos.
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