sábado, 7 de abril de 2018

JOGOS PERIGOSOS


          

Ao fim e ao cabo, “Jogos Perigosos” é um filme meio que ao estilo ‘Scubdool’, pois no final descobre-se que os monstros que assusta as pessoas são os humanos, ou seja, todos os monstros são humanos e a vida é sempre bela e cor-de-rosa.
            Porém antes disso, muita coisa acontece ao longo do filme – terror psicológico, terror tipo B, DR de relacionamento falido, perversão sexual, relações incestuosas, cão que come defunto...
            O filme conta a história, os dramas, as frustações de uma mulher de meia idade que com o intuito de salvar seu casamento do fatídico fim, planeja uns dias a sós com o marido em uma casa isolada da ‘civilização’ e se submete a um jogo sexual perigoso, onde ela se permite ser algemada à cama, e fatalmente, logo no início deste inusitado jogo, o marido sofre um enfarte que o leva à morte, deixando a mulher algemada a cama sem as chaves das mesmas, e é aí  que de fato começa os jogos perigosos.
            Após inutilmente gritar e espernear por socorro, ela meio que entra em um estado de devaneio psicológico, demonstrando meio que uma confusão entre realidade e conflitos psicológicos recalcados no subconsciente da personagem que passa a demonstrar suas fraquezas, desânimos, fracassos, frustações; e também um lado forte, sensato e confiante. Cada faceta desta é representada por uma imagem de fraquezas e as frustações são representadas pelo marido que sempre a subestimou, limitou e a explorou, a faceta forte e confiante por uma versão melhorada da própria personagem.
            Ao longo do jogo psicológico que é travado pela protagonista, meio que submerge das profundezas da sua mente traumas de infância como o abuso sexual sofrido pelo próprio pai, bem como a relação abusiva que teve durante a vida inteira com o marido.
            Em meio aos traumas psicológicos da personagem principal, ainda existe a presença real de um cachorro que durante todo este tempo de conflitos internos e externos um cão come a carne do seu marido morto e tenta também comê-la, e um psicopata que todas as noites vêm observá-la e ela confunde com um monstro sobrenatural que veio busca-la.
            Depois de dois ou três dias algemada a cama, envolta em torturas físicas e psicológicas a mocinha num ato de desespero mutila a própria mão e consegue garantir a sua sobrevivência, liberdade física, financeira e psicológica.
            No entanto, o que de certo modo desmerece “Jogos Perigosos” que é um filme recheado de suspense, sustos e medos é o final clichê e sem noção que é apresentado, onde depois de todos os traumas vividos e revividos pela protagonista, depois de tantas experiências traumáticas... Num belo dia de sol, meio que por meio de um passe de mágica, de uma hora para outra, descobre-se que o monstro sobrenatural era só um humano, e tudo fica bem, encontra-se a felicidade plena, ingressa-se em uma vida cor-de-rosa, linda, perfeita, sem traumas e sem problemas. Levando o filme a um quebra de padrão e caindo nos clichês surreais e ridículos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário